quinta-feira, janeiro 05, 2006

Em post anterior, descrevi algumas experiências vividas em praias notadamente conhecidas por suas características farofísticas. Mas é interessante também destacar as peculiaridades de praias de rico. De qualquer maneira, eu, particularmente, prefiro o piscinão de Ramos à Costa do Sauípe.

Dia 31, último dia do ano (e imagino que o último dia deste século a fazer sol no Rio), estava eu dando minha tostada básica em Camboinhas, refúgio dos novos ricos niteroienses. Ouço uma mulher no celular (branquíssima, claro), preocupadíssima:
- Meu filho, não vem pra praia não, porque está muito sol (!!!)

Porra, neguinho vai à praia pra quê, então?? Pra pegar uma friagem??

Ainda tentando digerir a questão, passa um vendedor de queijo coalho na minha frente. Meus olhinhos se iluminam. Salivando, indaguei o preço da fina iguaria.

Três reais.

Um queijinho, uma tira de queijo coalho, de procedência duvidosa, por TRÊS (3) REAIS!!! Peraí! É isso que chamam de abismo social??? Não comi, óbvio, mas o colesterol aumentou 76% só por conta do estresse.

Após o choque causado por este índice inflacionário, eis que surge um rapazola, com nenhuma pinta de ser turista, perguntando, como se fosse uma comida exótica do Nepal, o que era queijo coalho. O vendedor, respeitando as normas internacionais de higiene, limpou a mão suja de areia na bermuda, pegou o espetinho para enfiar o queijo (sem luvas nem outra forma de proteção) e respondeu que queijo coalho era um queijo meio assim, tipo borrachudo.

Tem queijo tipo Frescal, tipo Gouda, tipo Roquefort, e queijo tipo Borrachudo. Lógico.

O playboyzinho teve a mesma atitude que eu, e, temendo por sua flora intestinal, não comprou o queijo. Retornou ao seu grupo original de amigos da classe A e B (ele devia ser da B, pela textura da sunga), onde se podia ouvir o seguinte diálogo:

Paty A: - Cara, tipuassim, suuurreallll o Caxtélu ("das Pedras" - leia-se baile funk).
Paty B, entre risos: - Cara, tiiipo, mó perrengue mexmu. Só dá pra ficar no camarote VIP e olhe lá.
Play A: - Cara, muito sem noçãuuu vocêix, indo pra baile de 'paraíba'.
Play B: - Porra, só dá cachorra!!
Paty A: - Eu não sou cachorra, eu sou purpurinada! (risos gerais, como se fosse a melhor frase dita desde "I have a dream")
Paty B: - Não, cara, pô, tipuassim, surreal, o banheiro feminino lá embaixo. Tem que ter duas filas. Uma pro xixi, e outra pra passar Kolene. As meninas, tudo de cabelo ruim, ficam passando creme no cabelo a noite inteira, pra "umidificar". Aquilo fede. Axquerosuuu!!!

O resto do grupo pronunciou um "ui", expressando asco e desprezo, em uníssono, para depois gargalharem novamente, em uníssono.

Depois de quase ser estuprada financeiramente, e após esta demonstração explícita de nazismo tupiniquim, eu, que já usei Kolene (atualmente, utilizo o Ativador de Cachos com Hidratação Profunda da Essenza, R$ 3,80) deixo aqui o meu gripo de raiva e indignação.

São esses, dentre outros motivos, me fazem reafirmar que praia de rico é uma merda. E, ainda por cima, dá pouquíssimo negão.

6 Comments:

Blogger Carlos said...

Eie! acabei de criar meu blog! E vc vai, lindamente, me ensinar a mexer. vc está intimada a conhecer minha casa. vai reservando um espaço na sua agenda lotada! hoje msmo vou te ligar...beijos

1:06 AM, janeiro 05, 2006  
Blogger Carlos said...

Ps. é o carlinhos (LIPE) que escreveu! tá vendo? estou perdido nesse mundo blogístico.

1:07 AM, janeiro 05, 2006  
Blogger Lincoln da Mata said...

Genial, genial. Eu odeio gente axim.

12:29 AM, janeiro 08, 2006  
Anonymous Anônimo said...

caraaaaaaaaaaaaaaaamba!!! o melhor post de 2006!!! hehehehe!!! vou confessar uma coisa (do alto da nossa ignorância): nós sempre achamos que carioca é um saco pq fala axim q neim vociê djissi... hehehehehehehehehehehe mas na verdade sabemos q isso é questão de grupo. assim como nem td nordestino fala oxenti, eu achu muitu rúím issu!!! hehehehe bjoooo

11:13 PM, janeiro 08, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Bem, pelo menos não houve nenhuma abordagem de alguma figura exótica ou esquisita, já que em praias onde há a chegada concreta de ônibus isso já se tornou frequente, não??? Ou então vc andou omitindo alguns acontecimentos dessa vez??? Não teve nem um sorrisinho maroto do vendedor de queijo????rs

1:54 AM, janeiro 09, 2006  
Anonymous Anônimo said...

não posa de integrada não lu!!! eu bem lembro da cena: eu e vc no busão, indo pra faculdade. Cara sentado na frente, com cabelos ao melhor estilo Cid Guerreiro. Os cachos pingavam de creme e delimitavam uma mancha na camisa...ambos fizemos ui, numa clara alusão ao mesmo racismo que vc acabou de descrever!
hehehehe
beijos

11:56 AM, janeiro 21, 2006  

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