Em post anterior, descrevi algumas experiências vividas em praias notadamente conhecidas por suas características farofísticas. Mas é interessante também destacar as peculiaridades de praias de rico. De qualquer maneira, eu, particularmente, prefiro o piscinão de Ramos à Costa do Sauípe.
Dia 31, último dia do ano (e imagino que o último dia deste século a fazer sol no Rio), estava eu dando minha tostada básica em Camboinhas, refúgio dos novos ricos niteroienses. Ouço uma mulher no celular (branquíssima, claro), preocupadíssima:
- Meu filho, não vem pra praia não, porque está muito sol (!!!)
Porra, neguinho vai à praia pra quê, então?? Pra pegar uma friagem??
Ainda tentando digerir a questão, passa um vendedor de queijo coalho na minha frente. Meus olhinhos se iluminam. Salivando, indaguei o preço da fina iguaria.
Três reais.
Um queijinho, uma tira de queijo coalho, de procedência duvidosa, por TRÊS (3) REAIS!!! Peraí! É isso que chamam de abismo social??? Não comi, óbvio, mas o colesterol aumentou 76% só por conta do estresse.
Após o choque causado por este índice inflacionário, eis que surge um rapazola, com nenhuma pinta de ser turista, perguntando, como se fosse uma comida exótica do Nepal, o que era queijo coalho. O vendedor, respeitando as normas internacionais de higiene, limpou a mão suja de areia na bermuda, pegou o espetinho para enfiar o queijo (sem luvas nem outra forma de proteção) e respondeu que queijo coalho era um queijo meio assim, tipo borrachudo.
Tem queijo tipo Frescal, tipo Gouda, tipo Roquefort, e queijo tipo Borrachudo. Lógico.
O playboyzinho teve a mesma atitude que eu, e, temendo por sua flora intestinal, não comprou o queijo. Retornou ao seu grupo original de amigos da classe A e B (ele devia ser da B, pela textura da sunga), onde se podia ouvir o seguinte diálogo:
Paty A: - Cara, tipuassim, suuurreallll o Caxtélu ("das Pedras" - leia-se baile funk).
Paty B, entre risos: - Cara, tiiipo, mó perrengue mexmu. Só dá pra ficar no camarote VIP e olhe lá.
Play A: - Cara, muito sem noçãuuu vocêix, indo pra baile de 'paraíba'.
Play B: - Porra, só dá cachorra!!
Paty A: - Eu não sou cachorra, eu sou purpurinada! (risos gerais, como se fosse a melhor frase dita desde "I have a dream")
Paty B: - Não, cara, pô, tipuassim, surreal, o banheiro feminino lá embaixo. Tem que ter duas filas. Uma pro xixi, e outra pra passar Kolene. As meninas, tudo de cabelo ruim, ficam passando creme no cabelo a noite inteira, pra "umidificar". Aquilo fede. Axquerosuuu!!!
O resto do grupo pronunciou um "ui", expressando asco e desprezo, em uníssono, para depois gargalharem novamente, em uníssono.
Depois de quase ser estuprada financeiramente, e após esta demonstração explícita de nazismo tupiniquim, eu, que já usei Kolene (atualmente, utilizo o Ativador de Cachos com Hidratação Profunda da Essenza, R$ 3,80) deixo aqui o meu gripo de raiva e indignação.
São esses, dentre outros motivos, me fazem reafirmar que praia de rico é uma merda. E, ainda por cima, dá pouquíssimo negão.
6 Comments:
Eie! acabei de criar meu blog! E vc vai, lindamente, me ensinar a mexer. vc está intimada a conhecer minha casa. vai reservando um espaço na sua agenda lotada! hoje msmo vou te ligar...beijos
Ps. é o carlinhos (LIPE) que escreveu! tá vendo? estou perdido nesse mundo blogístico.
Genial, genial. Eu odeio gente axim.
caraaaaaaaaaaaaaaaamba!!! o melhor post de 2006!!! hehehehe!!! vou confessar uma coisa (do alto da nossa ignorância): nós sempre achamos que carioca é um saco pq fala axim q neim vociê djissi... hehehehehehehehehehehe mas na verdade sabemos q isso é questão de grupo. assim como nem td nordestino fala oxenti, eu achu muitu rúím issu!!! hehehehe bjoooo
Bem, pelo menos não houve nenhuma abordagem de alguma figura exótica ou esquisita, já que em praias onde há a chegada concreta de ônibus isso já se tornou frequente, não??? Ou então vc andou omitindo alguns acontecimentos dessa vez??? Não teve nem um sorrisinho maroto do vendedor de queijo????rs
não posa de integrada não lu!!! eu bem lembro da cena: eu e vc no busão, indo pra faculdade. Cara sentado na frente, com cabelos ao melhor estilo Cid Guerreiro. Os cachos pingavam de creme e delimitavam uma mancha na camisa...ambos fizemos ui, numa clara alusão ao mesmo racismo que vc acabou de descrever!
hehehehe
beijos
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