terça-feira, maio 30, 2006

Gente, não é bem assim um CASAMENTO, com letras maiúsculas...
Nem é bem um concubinato ou ajuntamento de paninhos de bunda.
É só mais uma das relações esquisitas que fazem parte do meu compêndio universal de bizarrices da vida. Ou seja, é algo insólito, mas, que na prática, toma os contornos de um casório sim, cuja especificidade é que a parte boa (festa, lua-de-mel, aliança de ouro branco e vestido tomara-que-caia) não rolou. Só as sem-noçãozices da vida matrimonial que a gente já sabe que é. Sem contar, é claro, os abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim.
Olha, mas não contem pra minha mãe, tá?

E, só pra concluir, li hoje em uma pixação no muro aqui da faculdade: "Quem inventou a palavra amor ainda não tinha completado 1 ano de namoro".
Vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, maio 29, 2006

Gente, por favor, tenham paciência. Continuo convivendo na marginalidade da exclusão do mundo digital e financeiro.
Ademais, esta vida matrimonial anda me sugando toda e qualquer energia.
Pois é. Casei. E como todo casamento é sem-noção, o meu não poderia deixar de sê-lo. Especialmente o meu. E olha que nem sei como fui parar nessa história. Estou só acumulando as bizarrices para compartilhar com vocês.
Por hora, só posso adiantar que não casei com nenhum pedreiro.
Mas foi por pouco.
Beijo grande

sexta-feira, maio 05, 2006

os textos abaixo foram publicados sem a menor preocupação literária, gramatical, ou racional.
atenciosamente
eu

Lei do Retorno

Luvas de borracha, máscara cirúrgica, proteção para os cabelos (um lenço de oncinha). Pronto. Ah, faltava um avental. Mas eu não tenho avental, vai assim mesmo. Aproveito o sol forte que apareceu depois de semanas nebulosas e úmidas e vou para o terraço armada para enfrentar a missão de limpar o tenebroso mofo que tomou conta do meu maior patrimônio: minhas bijouterias.


Foi enorme o desespero ao notar, por conta da maldita chuva que quase destruiu meu humilde casebre, que meus mais preciosos bens, quase patrimônios imateriais da humanidade, estavam sendo atacados e corroídos por venenosos, asquerosos e ultrajantes fungos baianos. Gritei de pavor ao divisar a coloração esverdeada que tomava conta dos meus inúmeros colares, pulseiras, brincos e anéis feitos dos mais diversos materiais encontrados na natureza, tais como cascas de coco, sementes coloridas, e palhas trabalhadas, bem como de penas raras e madeiras minuciosamente esculpidas, advindas dos mais exóticos e distantes rincões de nosso país.


Arrasada, pensei: ?não! Isso não pode ficar assim!?. Decidida a tomar providências urgentes, sentei na cama e chorei. Depois de alguns minutos percebi que estava contribuindo para o aumento da umidade em minha palhoça e contive as lágrimas. ?Não! Isso não pode ficar assim!?, e liguei pra mamãe. Ela, com grande utilidade, me deu uma pequena aula sobre a origem dos fungos, também chamados de bolor, o que aumentou ainda mais minha aflição e asco. Ela também explicou que há uma diferença de status na questão fungos x bolor, pois o segundo pode manchar. Ótimo. Resolvi tomar uma iniciativa drástica e definitiva, e fui reclamar com dona Raquel, a proprietária do imóvel. Versada nos fatos da natureza, dona Raquel proferiu interessante explanação a respeito da complexidade do Reino Fungi, e do desenvolvimento de seus membros em épocas e chuva, acrescentando que roupas também poderiam mofar. Excelente. Corri para o armário. temerosa. Amanhã farei algumas doações em roupas para os mais necessitados, não só é bom a gente ser solidária como também porque não vou lavar aquela merda.


Olho, desanimada, para o amontoado de colares, pulseiras, brincos e anéis que, junto à garrafa de álcool em gel Mais por Menos, compõem um cenário desolador. Pensei em seguir o conselho de Felipe, que, por e-mail, disse: "bota as coisas no sol enquanto passa blondor na perna!!! vai ficar ótimo!" Mas logo fui demovida da idéia ao lembrar do processo de invasão de privacidade realizado pelos pedreiros da obra do hotel da frente, cuja maior diversão é acompanhar minha animada rotina e, quiçá, me pegarem sem roupa (fato este que já se sucedeu). Não que eu seja grande coisa, mas uma rainha sempre atrai as atenções de seus súditos.


E é estupenda a paciência, quase de um monge budista, com a qual vou limpando cada conta, cada semente, cada grão, na dolorosa tentativa de livrar meu tesouro do maldito bolor. Aproveito para entoar alguns mantras e meditar. Reflito sobre a quantidade inestimável de espécimes vegetais que foram abatidos para satisfazer meus caprichos viciosos. Penso na ditadura da moda, no capitalismo selvagem, na destruição de imensos ecossistemas só para alimentar minha cruel vaidade. Sinto a culpa pesando sobre meus ombros, e entendo, assim, que esta talvez tenha sido a resposta que a Mãe Natureza encontrou para vingar seus filhos sacrificados.

O pedreiro do hotel da frente

Esse blog não era pra ser um diário virtual, até pq há muita coisa no mundo que mereceria destaque neste espaço de denúncia e esculhambação, como a mudança de Garotinho para a Somália, e a crise do gás que aumentou a venda de fogareiros.


Mas como eu ando sem Internet, sem TV, e sem trocado pra comprar A Tarde, minha vida acaba mesmo sendo fonte de inspiração. Não que seja tão interessante assim ficar narrando como minha vida tem sido monitorada diariamente, tal um Big Brother, pelos meus queridos e numerosos amigos pedreiros da obra do hotel da frente.


Dia desses, estou sentada na varanda, estudando, quando ouço um ?psiu?. Eu nunca olho pra ?psiu?, nem ?ei?, nem ?oooiii?, mas as onomatopéias estavam por demais insistentes. Olhei. Era um dos pedreiros do hotel da frente acenando pra mim e fazendo sinais indicativos para o relógio que ele não tinha. Fiz cara de interrogação. Ele começou a gritar, e depois de algum tempo entendi que ele estava perguntando as horas. O hotel está distante da minha casa uns 20 metros ou mais. Para evitar maior alarde, fui para o quarto pegar meu celular e ver a hora. Educadamente, fiz sinal com a mão, tentando explicar que eram 11h40. Não sei o porquê, mas ele entendeu que era meio-dia. Tentei gesticular. E tamanha foi a precisão de nossa comunicação não-verbal que o rapaz entendeu, finalmente, que era meio-dia e quinze. Desisti. Ele agradeceu, feliz, avisando que já estava na hora do seu (do dele) almoço. Até agora me pergunto o que este dado poderia influenciar em minha vã existência.


No dia seguinte, após beber uma deliciosa água de coco ofertada por Sinval, o ajudante de pedreiro apaixonado (é, Sinval, cujo nome verdadeiro é Sinvaldo, está realmente interessado em mim. E sim, a casa onde estou morando também está em obra). Pois bem, Sinval, carinhosamente, subiu no coqueiro e resgatou dois cocos para meu deleite, tal qual um ?eunuco em uma ilha deserta? (em homenagem a Rachel grande). Enquanto isso, notei que o pedreiro do hotel da frente acompanhava intensamente nossa conversa, provavelmente com ciúmes do concorrente de mesmo status profissional. Após Sinval ir embora, um pouco chateado por eu não poder ir com ele passear na lagoa do Abaeté, ouço novos ?psius? e ?eis?. Era o tal pedreiro do hotel da frente, perguntando se eu só bebia água de coco. Como assim?? ?É, vc só bebe água de coco?? Não tem mais nada pra fazer na vida não?? Desde as 9h eu tô aqui trabalhando e vendo você bebendo água de coco!?, e riu, divertido. Nem bem a relação começa e já querem fazer cobranças.


Outro dia, era hora do almoço, e diferentemente dos outros companheiros, ele permaneceu nos andaimes, com uma quentinha na mão. Foi só eu botar a cara na janela pra ouvir o convite: ?Ei! Tá servida????. Fingi que não ouvi. Ele insistiu. Eu não olhei. Aí ele perguntou se eu estava aborrecida com ele por alguma coisa. Fiquei com pena, e disse que não o havia reconhecido (mentirosa). Ele apontou para o mesmo boné branco-encardido que usava todos os dias, e sorriu: ?Sou eu, ôxi!?. Eu sorri também e disse que não ia almoçar. Ele disse que a gororoba que davam pra ele era muito ruim, como presume-se que sejam todas as gororobas, e ameaçou jogá-la em mim, rindo, feliz. Nem bem a relação começa e já forçam uma intimidade.


Nosso último contato, antes da obra acabar, foi em um dia de chuva, quando eu estava saindo para a faculdade. Lá estava ele, o pedreiro do hotel da frente, na rua, com seu insubstituível boné branco, portando um enorme plástico sobre os ombros, fazendo as vezes de capa de chuva. Ele ainda se voltou para trás, e trocamos um olhar sem nada dizer, antes de sair correndo atrás do ônibus, com sua capa de plástico esvoaçante, feito um super-herói.

terça-feira, maio 02, 2006

Como o sindicato dos seguranças não renovou o contrato este ano, Lulu agora é a mais nova
Miss Vira-Massa 2006

!!!

A estrela das construções também recebeu o título honorário de Rainha do Puxadinho, ganhadora, também, do Troféu Reboco de Ouro, ofertado por seu fã-clube soteropolitano.

Os pedreiros do Brasil agradecem.